segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Morrendo Bêbado.

Minha garrafa fica no armário

como um anão esperando para ferir minhas preces

bebo e tusso em uma sinfonia

há luz no sol e aves enlouquecidas em todo lugar pelos confins do mar revolto, bebo intensa e calamente agora
bebo ao paraíso e a morte e a mentira do amor.
[...] Quando minhas mãos pálidas deixarem cair
a última caneta em um quarto barato, eles vão me achar lá
e nunca saberão meu nome, minha intensão nem
o valor de minha fuga.
Charles Bukowski.

Várias vidas

Beber é algo emocional. Faz com que você saia da rotina do dia-a-dia, impede que tudo seja igual. Arranca você pra fora do seu corpo e de sua mente e joga contra a parede. Eu tenho a impressão de que veber é uma forma de suicídio onde você é permitido voltar à vida e começar tudo de novo no dia seguinte. É como se matar e renascer. Acho que eu já vivi cerca de dez ou quinze mil vidas.

Charles Bukowski.
Como ser um grande escritor

Você tem que trepar com um grande número de mulheres, belas mulheres e escrever uns poucos e decentes poemas de amor, e não se preocupe com a idade e/ou com os talentos frescos recém-chegados, apenas beba mais cerveja e mais cerveja, e vá às corridas pelo menos uma vez por semana e vença se possível. Aprender a vencer é dificil - qualquer frouxo pode ser um bom perdedor, e não esqueça do Brahms e do Bach e também da sua cerveja. Não exagere no exercício, durma até ao meio-dia. Evite cartões de crédito ou pagar qualquer conta no prazo. Lembre-se que nenhum rabo no mundo vale mais do que 50 pratas (em 1977) e se você tem a capacidade de amar, ame primeiro a si mesmo, mas esteja sempre alerta para a possibilidade de uma derrota total mesmo que a razão para essa derrota pareça certa ou errada - um gosto precoce da morte não é necessariamente um coisa má. Fique longe de igrejas e bares e museus, e como a aranha seja paciente - o tempo é a cruz de todos, mais o exílio, a derrota, a traição, todo esse esgoto. Fique com a cerveja. A cerveja é o sangue contínuo, uma amante contínua. Arrange um grande máquina de escrever e assim como os passos que sobem e descem do lado de fora da sua janela bata na máquina, bata forte, faça disso um combate de pesos pesados. Faça como um touro no momento do primeiro ataque e lembre dos velhos cães que brigavam tão bem: Hemingway, Céline, Dostoiévski, Hamsun. Se você pensa que eles não ficaram loucos em quartos apertados assim como este em que agora você está, sem mulheres, sem comida, sem esperança, então você está pronto. Beba mais cerveja. Há tempo, e se não há está tudo certo também.
Bukowski - O amor é um cão dos diabos

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